
Com 8.848 metros de altura, o monte Everest é o ponto mais alto do
planeta Terra. Para chegar até o topo, são necessários pouco mais de dois meses
de escalada, incluindo-se nesse período o tempo preciso para aclimatação nas
mais diversas altitudes. A expedição é cara e, pelo esforço, ainda é uma
aventura para poucos.
Imagine que fosse possível instalar um elevador ao lado do monte. A
viagem teria o custo e o tempo reduzidos e, de quebra, se tornaria acessível
para muitos que nem imaginam como é escalar uma montanha. Agora imagine ampliar
essa altura, construindo um elevador capaz de ir de um ponto qualquer do
planeta Terra até o espaço.
Por enquanto, a ideia é apenas conceitual, mas já há diversos grupos de
cientistas pesquisando a viabilidade de construção de um elevador espacial. O
equipamento permitiria substituir a propulsão por foguetes, utilizada
atualmente nas viagens espaciais, por uma estrutura em que veículos se
deslocariam em um cabo, levando cargas para o espaço e trazendo-as de volta.
Um elevador até o
espaço: isso é possível?
Em teoria sim, é possível construir uma estrutura fixa que ligue um ponto no solo da Terra até o espaço. Entretanto, até há muito pouco tempo não havia tecnologia disponível para levar em consideração essa ideia. O conceito não é exatamente uma novidade. Ele surgiu no século XIX, quando o cientista russo Konstantin Tsiolkovsky concebeu esboços muito similares ao que é pesquisado na atualidade.
À época, entretanto, tal construção não era possível devido à falta de
materiais adequados. Embora citada em muitas obras de ficção científica, a
ideia só ganhou força novamente no final da década de 90. Até então o material
mais resistente que se conhecia para montar a estrutura era o aço.
Contudo, em 1991 foram descobertos os nanotubos de carbono, material cem
vezes mais forte que o aço e tão flexível quanto o plástico. Imediatamente eles
passaram a ser a grande aposta para a viabilização do elevador espacial.

João e o pé de feijão: entendo a teoria
Os elevadores espaciais também são conhecidos como beanstalks (“pés
de feijão”, em tradução direta) numa alusão à história “João e o Pé de Feijão”:
após plantar sementes mágicas, João obtém um pé de feijão gigantesco capaz de
fazer com que ele alcance o céu. Grosso modo, seria exatamente esse o modo de
funcionamento de um elevador espacial.
O cabo teria a impressionante extensão de 100 mil km. Fino e com apenas
5 cm de espessura, a estrutura seria composta por nanotubos de carbono
entrelaçados fixados em uma plataforma no planeta Terra. Para que ele pudesse
manter a sua estabilidade, na outra ponta do cabo seria preciso contar com uma
espécie de contrapeso.

Para isso, toda a estrutura seria enviada para o espaço enrolada em
forma de carretel. Ao chegar a um determinado ponto, o ônibus espacial soltaria
aos poucos a estrutura, que seria desenrolada até chegar à atmosfera terrestre.
O cabo seria capturado e preso a uma base, criando assim uma espécie de trilho.
Alguns projetos iniciais chegaram a cogitar a utilização de um asteroide
como contrapeso. O projeto, todavia, foi descartado. A proposta atual prevê a
utilização da própria espaçonave enviada ao espaço parte da estrutura a ser
montada. Ao trilho, seriam ligados içadores mecânicos, capazes de transportar
blocos de carga. Um mecanismo de tração com cilindros se prende à estrutura,
fazendo com que o elevador possa enviar e receber as cargas.
Os elevadores se movimentariam a uma velocidade média de 190 km/h,
podendo transportar até 13 toneladas de carga num espaço de 900 metros cúbicos.
A maior vantagem ficaria por conta do custo de transporte. Enquanto as missões
atuais são orçadas em US$ 22 mil por quilo enviado ao espaço, com os elevadores
o custo cairia para US$ 880 por quilo.
Realidade x sonho

Segundo especialistas, apesar dos testes iniciais se mostrarem
satisfatórios, apenas a partir de 2025 será possível pensar em colocar em
prática o projeto, sendo que antes de 2031 não há uma possibilidade concreta de
ele começar a ser construído. Como toda teoria, ela precisa ser colocada à
prova para que se mostre viável ou não. Além disso, ao menos inicialmente,
somente cargas poderiam ser transportadas.
Embora a NASA tenha um grande interesse no projeto, que tornaria o
transporte espacial muito mais barato, ainda não há fórmulas concretas capazes de
viabilizar um projeto de escala tão gigantesca. Nos últimos anos, a agência
espacial norte-americana destinou cerca de US$ 28 milhões às pesquisas
relacionadas ao tema, valor considerado pequeno.
A NASA espera por propostas mais concretas e passíveis de viabilização
para, de fato, investir pesado na tecnologia. Porém, ao menos por enquanto, os
elevadores espaciais figuram apenas nas pranchetas dos desenhistas e em imagens
conceituais de projeção. Será que em breve conseguiremos viajar para o espaço
simplesmente com se estivéssemos indo para o andar de cima?
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